sábado, 17 de abril de 2010

MORTE E TRANSCENDÊNCIA

   
Não resta dúvida de que existem dois tipos de humanos: aqueles que não crêem na possibilidade de vida após a morte e portanto não dão valor à vida, e aqueles que acreditam na possibilidade de existir vida após a morte do corpo material e portanto se preparam para este momento derradeiro.

Não nos interessa o primeiro grupo já que consideram a vida apenas o resultado de uma casualidade da natureza e não têm compromisso, a não ser com as demandas pessoais. Para tais seres, o mundo gira ao redor de seus umbigos. Eles são o centro do mundo e o resto que se dane.

Se a vida é determinante para cada ser, e ela o é, a morte é definitiva, pois delimita a vida deixando em suspensão o futuro. A morte é a linha entre o antes e o depois mesmo que o “depois” seja o nada. E por isso a morte nos coloca frente a frente com o maior significado da vida: a sua insignificância se ela for apenas um fenômeno casual.

Claro que todos gostariam que a vida tivesse significado. Mesmo aqueles que não creem na vida após a morte, gostariam que houvesse um sentido para a vida. Talvez assim deixassem de lado a postura de psicóticos desesperançados e hiper-realistas que incorporaram. Parece contraditório? Pois, pois. Por acreditar que a vida é casual são lançados na insignificância de si mesmos, só lhes restando como compensação, brincar de Deus e, sem que percebam, regridem à visão heliocêntrica de mundo onde tudo e todos giram ao redor deles. Brincar de fantasia. Tola infância.

Não houve, é certo, como provar a existência de vida após a morte como gostaríamos, mas dentro do sistema fechado em que vivemos é aceitável que a natureza se transforma e forma seres de todos os matizes numa variedade fantástica. Neste aspecto, como consciência poderemos não sobreviver, mas com certeza faremos parte de outras naturezas conscientes. Infelizmente o mágico é termos chegado ao nível de sermos um corpo complexo em que se formou a consciência que somos. A natureza é permanente, mas a consciência é, aparentemente, temporária. Portanto, só nos resta aproveitarmos esta dimensão para descobrirmos algum portal para outras dimensões, ou banalizar a vida como tantos insignificantes fazem. A escolha é pessoal.

Melhor do que seguir na vida como morto é viver como vivo.

Um comentário:

  1. parabens pelo texto como todos os outros nos fazem pensar...
    e obrigada pelos momentos dedicados a nos seus leitores.
    sinto muito.
    abraços.

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