sábado, 3 de abril de 2010

ONDAS

Sandra Bullock - Practical Magic
imagem do filme  - Da Magia à sedução - 1998

Quando jovens,somos, como que agraciados, pela introdução, como noviços, na Trama da rede da vida que nos protege de nós mesmos. A não ser que sejamos tão inconsequentes que cometamos erros cabeludos que exigem reparos. Quanto mais tempo vivemos, mas nossa relação com essa trama vai ficando mais complexa. Nossos fios, tecidos como fibras, vão sendo esticados, retorcidos, tensionsados de dentro para fora e de fora para dentro, e aos poucos vão perdendo a elasticidade. Os nós que nos demos já não se desfazem com facilidade, ao contrário, favorecem o surgimento de mais nós, como num novelo de lã deixado de lado, sem cuidados. Cada ação sofridatorna a trama mais complexa e aos poucos o Viço vai se perdendo, a elasticidade já não mais favorece a reconfiguração, e o vigor se perde, e as fibras resistentes deixam de sê-lo e começam por se descontruir,  como gomas ressecadas.

Ah! Jovens... Belos... inocentes e tolos.
Se soubessem como podem ser danosos, na jornada da vida, em suas inconsequências,
seríam mais cautelosos em suas ações, abandonariam a ilusão do tempo que não passa e não cairiam na armadilha desse tempo intemporal.

Agora no final da tarde, desta sexta de paixão, conversávamos, enquanto saboreávamos pipoca, sobre a força das palavras que pronunciamos. Palavras, que apenas como palavras representam a ação mais ineficaz de nossos atos.

Para Einstein qualquer ação projetada no espaço viaja como uma onda pelo universo. o universo interfere em nós e nós interferimos no universo.

Fico pensando num lago tranquilo e numa onda provocada por uma folha que caia sobre ele. As palavras, são como essa folha, podem parecer insignificantes, mas podem provocar, guardadas as proporções, uma tsunami na quietude do lago.

Tendemos a subestimar os acontecimentos por inocência, mas quando agimos desencadeamos acontecimentos que podem ser devastadores.

Muitas vezes as pessoas não compreendem acontecimentos trágicos que devastam suas vidas, porque não conseguem localizar a origem do processo que os desencadearam. As origens que parecem adormecer no passado em que foram desencadeados, varreram o universo, um dia voltam, e reverberam em nossas margens.

Tenho tentando não provocar ondas que produzam tsunamis, escondido neste canto do mundo, tenho preferido produzir brisas suaves que possam acariciar almas delicadas, sensíveis e principalmente conscientes.

Tendo a esperança de que no momento em que for embora e desaparecer nas brumas dessas montanhas, não fique nenhum tipo de rastro, e que minha passagem não seja mais que um aroma de manacá na noite dessas montanhas altas de Minas.

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