segunda-feira, 22 de março de 2010

ENCONTROS







Quando contava apenas treze anos de idade, escrevi em um caderno escolar, na última página, uma frase que resurge vez por outra: "As pessoas que mais amamos são as que mais nos fazem sofrer".

Às vezes, penso: Não consigo entender! É pura força de expressão. Mas... Não entendo!”“. Possivelmente a proximidade ou a intimidade dê às pessoas a tranquilidade para que se expressem de forma menos polida. Rompem o limite da formalidade e consequentemente da respeitabilidade, abandonam o verniz da educação, do trato e deixam aflorar o troglodita que habita nossa natureza sombria.

Entre estranhos isso pode ser facilmente observado, nas sociedades que primam pela competição selvagem e agressiva, pelo egocentrismo, como a humana. Mas acontecimentos assim, no interior dos grupos de convivência familiar, amigos, casamentos, namoros, onde a origem básica da agregação é afetiva, se mostra uma negação no sentido e origem de formação dos grupos.

Assim como temos na esfera pessoal conteúdos de negação e boicote, onde o sujeito se arranja de forma a se desmobilizar ou a se desconstruir, talvez por punição, nas relações coletivas também podem ocorrem estas manifestações agressivas, ríspidas ou destrutivas. É como se a humanidade não conseguisse se libertar de seu passado antissocial.

Já ouvi assassino falar que matou por amor. Outros batem porque gostam, e Há os que agridem porque são solicitados a agredir. Lembro-me da poética de Chico Buarque; “Te perdoo por te trair”

É assim, justificativas são fáceis de encontrar, até mesmo para destratar quem amamos.

Os tempos armados exigem-nos, no mínimo, um pouco de generosidade. Melhor trocar amores do que pepinos, abacaxis, ofensas, agressões, ressentimentos, mágoas.

Mas para isso é necessário nos despir dos “malentendidos” do passado, abandonar rastros, e pontas ou rabos para trilhar novos caminhos e renascer para nós mesmos.

Não sou mais nenhum romântico que sonha uma fraternidade universal, nem na era de aquarius, a realidade da natureza humana é por vezes cruel e perversa, e me deixa perplexo o bastante para não sonhar esperanças. Mas no seio das relações afetivas devemos trabalhar para expressarmos mais leveza, suavidade e compaixão pelas pessoas que amamos.

O que mais pode valer a pena?

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